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História do Município

Prefeitura Municipal de Fátima do Sul

Fátima do Sul
Década de 1970 - Avenida 09 de Julho, esquina com a Rua Campo Grande - Foto: Arquivo/Museu Masuo Yasunada/Museu de Fátima do Sul

A história de Fátima do Sul, município localizado no estado de Mato Grosso do Sul, remonta ao processo de colonização promovido pelo governo federal durante o Estado Novo, quando se buscava intensificar a ocupação produtiva das regiões interioranas do Brasil.

As informações a seguir foram organizadas com base em fontes históricas oficiais, como a monografia do Dr. José Adauto do Nascimento, arquivos do Paço Municipal e o livro História de Fátima do Sul, de autoria da professora Cláudia Coutinho Capilé, publicado em 1999.

Origem: A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND)

Fátima do Sul teve sua origem no Decreto-Lei nº 5.941, de 28 de outubro de 1943, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas, que instituiu a C.A.N.D. – Colônia Agrícola Nacional de Dourados. Subordinada ao Ministério da Agricultura, a colônia tinha por objetivo parcelar grandes extensões de terras em lotes de 30 hectares, destinados a pequenos lavradores para fomentar a agricultura familiar e fixar populações no interior do país.

A administração da colônia iniciou a abertura de trilhas ("picadas") para demarcar lotes e permitir a penetração na mata. Mesmo com escassez de equipamentos, o trabalho foi realizado com sacrifício e determinação. Em 1953, a primeira zona da Colônia já estava completamente colonizada.

Formação do povoado e os primeiros passos da comunidade

A constante chegada de migrantes forçou a expansão além dos limites originais da CAND, com novas trilhas abertas rumo ao leste, inclusive uma que viria a se tornar a atual BR-376, ligação vital entre Dourados e Fátima do Sul.

À margem esquerda do Rio Dourados surgiu um núcleo de habitações simples, muitas em pau-a-pique com coberturas de sapé, formando o povoado que inicialmente recebeu nomes como Barranca, Porto Ubatuba e Porto Vitória. Além das moradias, ali foram instaladas as primeiras estruturas comerciais e de serviços, como armazéns, farmácias e casas de tecidos.

Para continuar a expansão, moradores passaram a atravessar o Rio Dourados por meio de uma balsa construída sobre tambores metálicos, operada por Evaristo, proprietário da primeira embarcação do local. Em uma dessas travessias, infelizmente, ocorreu uma tragédia: a balsa sobrecarregou, rompeu-se o cabo de aço, e mais de 15 pessoas — entre adultos e crianças — perderam a vida. Mesmo com o luto, o processo de colonização não parou.

Fátima do Sul
Década de 1970 - Avenida 09 de Julho, esquina com a rua Weimar Gonçalves Torres - Foto: Arquivo/Museu Masuo Yasunada/Museu de Fátima do Sul

Vila Brasil: o nascimento simbólico

Em 8 de novembro de 1953, Frei Frederico Miés celebrou a primeira missa no povoado. Após a cerimônia, foi consultado sobre qual nome deveria ser dado à vila. Refletindo sobre a diversidade de origem dos colonos, sugeriu o nome “Vila Brasil”, prontamente acolhido pela comunidade.

Expansão para a margem direita e resistência

A crescente população tornou insustentável a permanência apenas na margem esquerda. Assim, em 9 de julho de 1954, cerca de 450 homens atravessaram o rio e iniciaram, por conta própria, a demarcação e distribuição de lotes na margem direita. O núcleo de Dourados foi contra, pois o plano original previa uma cidade no local onde hoje se encontra Glória de Dourados.

Mesmo assim, a ocupação prosseguiu, e a nova área cresceu rapidamente. Aos domingos, uma movimentada feira livre tomava forma, principalmente ao longo da atual Avenida 9 de Julho.

Estrutura religiosa e institucional

Em 12 de outubro de 1954 foi construída a primeira capela em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, e em 30 de maio de 1957 inaugurou-se a Igreja Matriz provisória.

Em 17 de novembro de 1958, Vila Brasil foi elevada à categoria de distrito de Dourados, por meio da Lei Estadual nº 1.125, de autoria do deputado estadual Wilson Dias Pinho. Na ocasião, o distrito abrangia áreas que hoje pertencem a Jateí e Glória de Dourados.

A estrutura administrativa do novo distrito contou com Atílio Torraca Filho como subprefeito, Heitor Silveira dos Santos como coletor estadual e José Alves da Silva como subdelegado de polícia.

Em 1959, chegou o Padre José Pascoal Busatto, reforçando a presença religiosa. Em 31 de agosto de 1963 foi criada oficialmente a paróquia local, tendo como primeiro vigário o Padre Amadeu Amadori.

Fátima do Sul
Vista aérea da cidade de Fátima do Sul, em torno da ponte sobre o Rio Dourado e Orla - Foto: Arquivo/Reprodução

Emancipação política e criação do município

Movimentos pela emancipação política começaram em 1963, liderados por uma comissão presidida por José Alves da Silva, com apoio de diversas lideranças locais. Em 11 de junho de 1963, a comissão viajou até Cuiabá para apresentar os argumentos junto à Assembleia Legislativa do então estado de Mato Grosso.

Em 11 de dezembro de 1963, o esforço foi recompensado com a promulgação da Lei Estadual nº 2.057, elevando Vila Brasil à categoria de município. No dia 20 do mesmo mês, a Lei Estadual nº 2.095 criou o distrito de Vicentina, anexado ao novo município.

A elevação à comarca de primeira entrância aconteceu em 28 de outubro de 1964, por meio da Lei nº 2.152. Em 1964 também se iniciaram as obras da atual Igreja Matriz.

As primeiras eleições municipais foram realizadas no início de 1964. O Sr. Antonio Gabriel Moreira (conhecido como Vigorelli) foi eleito prefeito, e Reinaldo dos Santos Moraes, vice. A posse ocorreu em 2 de maio de 1965. Por problemas de saúde, Vigorelli se licenciou em 1966, assumindo o cargo o vice-prefeito.

Mudança de nome: nasce Fátima do Sul

Na primeira sessão legislativa, surgiu o projeto de Lei nº 1, que tratava da mudança do nome do município. O nome “Vila Brasil” já não refletia mais a identidade local. Após consulta pública e coleta de sugestões, foram selecionados dez nomes para um plebiscito. O mais votado foi Fátima do Sul, seguido de Culturama e Novo Planalto.

A Lei Municipal nº 6, de 16 de junho de 1965, oficializou a mudança de nome, posteriormente ratificada pela Lei Estadual nº 2.591, de 31 de dezembro de 1965. A partir de então, os habitantes passaram a ser conhecidos como fatimassulenses, também carinhosamente chamados de moradores do “Favo de Mel”.

Avanços sociais e religiosos

Em 2 de abril de 1967, chegaram ao município as Irmãs de São José, vindas de Caxias do Sul/RS, para prestar serviços assistenciais e religiosos. Em 4 de maio de 1969, foi inaugurada e abençoada a nova Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima, padroeira da cidade.

Legado

Fátima do Sul é fruto da bravura de migrantes que, enfrentando dificuldades, fundaram uma cidade pujante, acolhedora e estratégica no desenvolvimento da região sul-mato-grossense. Sua história é marcada por fé, luta, cooperação e visão de futuro.

Fátima do Sul
Vista aérea de Fátima do Sul, entrada da cidade para quem vem pela BR-376 de Dourados passando pela ponte sobre o Rio Dourado - Foto: Arquivo/Reprodução